O apagão no Nordeste começou há quatro séculos
Arqueologia

O apagão no Nordeste começou há quatro séculos


O Apagão no Nordeste



Por Camille Lages
Jornalista da Empresa Brasil Solair

Falhas no sistema elétrico e divulgação de dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) puseram a região Nordeste do país em evidência nos últimos dias. Segundo reportagem do O Globo, a capacidade de geração do sistema elétrico do Nordeste brasileiro se aproxima do limite e usinas termelétricas da região estão funcionando com carga máxima para preservar o volume de água nos reservatórios que continua baixando. 

Paralelo a isso, a CNI divulgou dados do estudo Nordeste Competitivo feito em conjunto com as federações nacionais, que apontam a necessidade de investimento de 25,8 bilhões de reais nos próximos oito anos na região e mostram os gargalos que podem ameaçar sua infraestrutura até 2020. Não é de hoje e nem sem razão que a região Nordeste sofre com problemas sociais, econômicos e de infraestrutura, os quais provocaram um enorme desequilíbrio social no Brasil. A origem destas dificuldades enfrentadas atualmente pela região vem de um passado distante, onde a economia brasileira esteve sob o jugo do poder agrário. Contudo, algumas soluções alternativas vêm sido pensadas e executadas com o objetivo de minimizar esta situação no Nordeste do Brasil.

A origem dos problemas no Nordeste


No início do século XVII, a intensificação da produção de açúcar nas Antilhas e Caribe leva o produto a perder seu elevado valor agregado e faz com que a região nordestina se divida entre a monocultura da cana nas regiões litorâneas e a pecuária nas regiões mais interioranas, esta última completamente dependente da primeira, quase único mercado para seus produtos. Tal fato leva a então colônia a experimentar uma diminuição significativa dos fluxos financeiros e condena o nordeste por um lado, a uma agricultura extensiva de baixa geração de renda em suas terras agricultáveis e por outro, a atividades de subsistência na maior parte de seu território, caracterizado pela forte incidência do sol, baixo regime de chuvas e fortes ventos.

Entre o fim do século XVIII e meados do século XIX, já com o centro político transferido para o Rio de Janeiro e com a mudança da corte de Portugal para a capital do então Vice Reino, o país entra em um novo ciclo agrícola virtuoso, com um novo produto de forte valor agregado e adequado para as regiões de clima mais ameno, o café. Com isso, a região sudeste, passa então a concentrar a renda acumulada com as exportações e, por consequência, desenvolve uma infraestrutura adequada para a introdução posterior do parque industrial no país, na primeira metade do século passado, consolidando assim o forte desequilíbrio social existente no Brasil.

Com o contínuo desenvolvimento industrial, onde o aumento da competitividade é calcado na elevação contínua da produtividade e na redução dos custos de produção, os capitais disponíveis buscam por projetos, onde pela especialização e automatização, esse binômio possa ser potencializado, o que será mais oportuno quanto mais industrializada e de melhor logística for a região e ainda quanto maior for o custo de mão de obra a reduzir, levando naturalmente a concentração de investimentos nas regiões mais fortemente já desenvolvidas. É senso comum, desde pelo menos metade do século passado, que sem o estabelecimento de condições que potencializem o retorno de investimentos nas regiões de menor desenvolvimento, os já observados desequilíbrios tendem somente a se acentuar.

Microgeração de energia – uma solução alternativa para o Nordeste


Embora ao longo dos anos na região Nordeste , tenha se estabelecido o maior passivo social do país, suas características climáticas naturais, insolação, falta de chuvas e fortes ventos, que tanto colaboraram para isso, constituem-se hoje, face ao crescente desenvolvimento das energias renováveis, notadamente a solar e eólica, em significantes ativos energéticos.

O Nordeste brasileiro, possui um dos maiores índices mundiais de radiação solar e um enorme potencial eólico que se forem explorados somente da forma convencional, com concentração da geração em "fazendas" fotovoltaicas e em grandes usinas eólicas, é natural que a renda originada nestas gerações seja remetida para as regiões de onde vieram os capitais. Ao passo que se estas gerações forem realizadas de forma distribuída no local de consumo, é normal que a renda permaneça na região produtora estimulando sua sustentabilidade e seu desenvolvimento socioeconômico. Lembrando que embora vivam no Nordeste apenas 27,8 % da população total de brasileiros, a região concentra 59,1% da população brasileira vivendo em situação de extrema pobreza. 

O surgimento e consolidação de soluções de microgeração de energia, observado nos últimos anos no mundo, indica a urgência na implementação de uma solução própria para o país, representado por um modelo único e peculiar, adequado às características do Brasil, evitando a importação de soluções em detrimento daquela que pode ser o verdadeiro vetor de implementação, não só de mais duas energias limpas e renováveis, mas de um modelo ecologicamente, economicamente e principalmente socialmente justo e sustentável, representado pelas particularidades das gerações fotovoltaica e eólica, que permitem distribuir a propriedade dos ativos de geração.

Link desta matéria no Blog Brasil Solair: http://brasilsolair.com.br/blog/o-apagao-no-nordeste-comecou-ha-quatro-seculos


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Nota do Elo Geográfico:

Quando deparei-me com esta matéria escrita pela Camille Lages (Facebook), publicada no post do do Blog Brasil Solair, fiquei bastante apreensiva para ler e comentar, pois este é um tema que havia pensado em escrever no Elo Geográfico, mas por falta de tempo não fiz. Gostei imensamente do assunto que a mesma redigiu com bastante coerência, diante do momento que estávamos vivenciando ou relembrando o acontecido sobre o Apagão que atingiu todo Nordeste, com grande intensidade.  

Este é um tema para fazermos diversas análises, reflexões, e esperarmos que haja uma tomada de decisões por parte do governo, para acabar de vez com os problemas de abastecimento de Energia, pois devido a estiagem fica cada vez mais complicado o fornecimento de energia, sem termos a tranquilidade de viver sem pensar em outros blecautes. 

O Nordeste tem sofrido desde tempos mais remotos os problemas da seca, da fome, miséria, pobreza e que a cada ano não presenciamos medidas cabíveis para viabilizar projetos que venham servir com o alternativa para tais dificuldades em diversos aspectos. 

Neste texto de grande valia, a amiga redatora a Camille Lages, fala não só dos problemas enfrentados pelo Nordeste a séculos, mas cita propostas viáveis, como a Microgeração de Energia  para o NE, utilizando o que temos em abundância matérias-primas para implementar projetos   para gerar energia através dos ventos e da grande incidência de radiação do sol, proporcionando uma energia limpa, barata e renovável.  

Os meus parabéns a Camille pelo valioso texto que servirá para avaliar a nossa produção de energia, na tomada de consciência e nas devidas soluções por parte de empresários e do governo.




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