O verde que renasce do sertão seco de Canindé
Arqueologia

O verde que renasce do sertão seco de Canindé



Os cordões de pedra tentam minimizar o estrago feito pelas plantações morro abaixo, prática corriqueira no distrito de Iguaçu


Por Mazé Silva
Elo Geográfico

O conhecimento de alternativas para o sustento muda a paisagem do sertão e o pensamento do sertanejo. A espera pela chuva toma novas configurações  em uma espera por projetos de convivência com a seca.

A vida do sertanejo ainda é de bastante sofrimento em grandes áreas do Ceará e do Nordeste em geral, pois ainda existem poucos projetos para solucionar e amenizar a vida desse povo que desde épocas mais remotas, sofrem pelas condições climáticas. Embora o governo tenha criado alguns projetos que beneficiem essas áreas afetadas, não são suficientes para atender a demanda populacional que habitam essas regiões e que sabemos são castigadas não só de forma natural pelo clima seco, mas por falta de políticas governamentais que sejam coerentes com uma distribuição de Recursos Hídricos sustentáveis para o atendimento preciso da população desprovida do melhor e essencial recurso que a natureza nos oferece, que é o líquido mais precioso para que haja vida em nosso Planeta.

O homem contribui para o bem e para o mal do semi-árido, concluem pesquisadores do tema. As ações humanas são responsáveis tanto pelo desgaste quanto pela preservação do meio ambiente. A convivência é mediada pelo respeito.  Nessa área do Sertão de Canindé no distrito de Iguaçu, que fica a 145 quilômetros de Fortaleza, a situação estava cada vez mais agravante, pois o solo era coberto por pedregulhos e desnudo de vegetação onde a poeira dominava este espaço, mas que jamais deixou de pensar-se que não teria solução para esta situação vivenciada. 

Em 1999, o Projeto de Desenvolvimento Hidro-Ambiental (Prodham, da Secretaria dos Recursos Hídricos do Estado do Ceará) chegou àquele recomeço de mundo. O Prodham fotografou em Iguaçu e ao longo do curso do Rio Cangati que banha aquela região fornecendo água para a população, observou uma enorme degradação do ambiente, devido o uso inadequado da terra, pois além da natureza está sendo devastada, a produção era muito baixa, pois não havia consciência de práticas de conservação e tornando os Recursos Hídricos cada dia mais escasso para atender a demanda das comunidades ali existente. Se a natureza deixa de existir, a probabilidade é que o homem também deixe de habitar ou viver naquele habitat para usufruir de tudo que o mesmo tinha para oferecer.

O sertanejo do século XXI não espera mais tanto por chuva; espera por projetos de convivência com a seca. O que ele deseja é mais ensinamento, para ampliar a sabedoria que já contém em si.  Com a criação  do Projeto de Desenvolvimento Hidro-Ambiental (Prodham) atuou como experimental, entre 1999 e 2009, em 44 comunidades cearenses. Em uma década, afirma ter recuperado 5,3 hectares de área degradada, readequando práticas de manejo do solo. Outros 47,6 hectares foram reflorestados e tiveram a mata ciliar recomposta. Para mais informações sobre o Prodham, acesse o site:
http://prodham.srh.ce.gov.br

Hoje, graças aos especialistas em convivência com o semi-árido, utilizaram novas técnicas de plantio,  incorporada aos morros e que obtiveram uma maior produção de feijão e milho, onde antes não havia esperança pela visão de um solo pedregoso, mas de barragens subterrâneas.  As plantações seguem o traçado dos cordões que conseguem “frear a água e a erosão”. 

Os agricultores já com outra visão do uso do solo passa a ter uma mudança parecida - de paisagem e de consciência - também se deu do outro lado da BR-020, com o reflorestamento da área que fica às margens do  Rio Cangati. “Foram produzidas 60 mil mudas, em três anos”, conta o apicultor Marcos Aurélio Crisóstomo de Souza. Ele viu o verde renascer do cinza: pau d´arco, freijó, aroeira, angico, cedro, “que estavam quase extintas, já estão crescendo, frutificando, soltando sementes”.  O homem daquela região percebeu que o assoreamento do Rio acontecia deixando o leito mais raso, soterrado pela erosão da chuva, dos ventos, já que não existia mais a vegetação que fora desmatada pela ação do homem por não conhecer que desmatar, queimar, retira os nutrientes do solo, deixando-o empobrecido sem favorecer o desenvolvimento de uma agricultura mais rica e de maiores lucros e melhor qualidade.

O apicultor Marcos, viu a volta de grande parte da fauna, como os pássaros que havia desaparecido, pela devastação da vegetação das margens dos rios e com o reflorestamento das margens do Rio Cangati, mudou a paisagem havendo uma conciliação da fauna e da flora. Com o fim do Projeto PRODHAM, os moradores foram  embora, já que não tinham mais o ganho diário pelo trabalho realizado. “Os jovens não vêem futuro em ficar aqui”. Para Marcos, é necessário “ter outras possibilidades de trabalho” no semi-árido. Ele, que conheceu solução, não quer fugir do problema. Os moradores acham que viver no sertão não é ruim é preciso que ampliem e criem mais Projetos que venham melhorar a vida no campo, para que possam viver com dignidade e aproveitar os ensinamentos dos técnicos que trabalham no Projeto para enriquecer os conhecimentos e poder continuar morando na mesma região sem precisar migrar para as cidades grandes, que já estão inchadas pelo crescimento exorbitante da população em decorrência do êxodo Rural.

-Marcos, 38, artesão e apicultor em Iguaçu

Marcos Aurélio Crisóstomo de Souza, que fez moradia e trabalho na vizinhança do rio Cangati, tem a vivência entrançada com o curso do rio. Menino, ele “brincava demais” ali, “tomando banho, pulando as barreiras”. Até que viu o Cangati mudar de jeito, esmorecer: “Ele era bem mais fundo. As águas corriam bem mais e hoje está  mais aterrado”. O próprio rio lhe contou a angústia e lhe mostrou um caminho para trazê-lo de volta à tona. “Eu sempre soube, desde menino, tinha essa consciência. Via pelas águas: quando não tinha essas plantas (do reflorestamento), o lençol freático baixava muito rápido. Depois que a gente preservou, a água se mantém mais à flor da terra”.


O semi-árido nordestino está em cima de praticamente 70% de um escudo, que na linguagem geológica é chamado de cristalino. Numa comparação grosseira, é como se a mesma estivesse sobre um prato, onde a pouca quantidade de água que consegue se infiltrar no solo e é armazenada no fundo. Não havendo reposição dessa água, e com a constante utilização da mesma na propriedade, aliada a uma demanda evapotranspirativa que, em algumas regiões chega a atingir 2.000 mm anuais, o nível do lençol freático que vai baixando assustadoramente, até o ponto de ser extinto. É exatamente isto que ocorre no semi-árido em épocas de escassez de chuvas. 


Retratos da paisagem

                                                            

1) A retirada da lenha, agravada pelas queimadas como forma arcaica de preparar a terra, inicia o desflorestamento e expõe o solo à erosão. “Ficam as cinzas, a matéria orgânica vai embora. A água da chuva, quando vem, pega o solo desprotegido”, avalia Paulo de Carvalho, coordenador da ONG Caatinga,

2) A apicultura surge no meio da seca como alternativa de ganho,

3) Na área reflorestada do rio Cangati, a jiboia almoça um camaleão. Os bichos voltam ao cotidiano

Aprofundamento:

“Os primeiros vestígios da utilização das águas subterrâneas são de 12.000 anos antes de Cristo. Acredita-se que os chineses foram os primeiros a dominar a técnica de perfurar poços, e na Bíblia existem relatos de escavações para obtenção de água potável.
Desde os primórdios da história das civilizações, as águas subterrâneas são utilizadas pelo homem, através de poços rasos escavados. Foi atribuído aos chineses o início da atividade de perfuração. Em cinco mil anos Antes de Cristo, eles já perfuravam poços com centenas de metros de profundidade.”

Questionamento:

*Até onde se pode restaurar o que foi desfigurado pela desertificação? 

Matéria redigida, tendo como fonte de apoio: 
Jornal O Povo
26/09/2012


 Sabedoria do semi-árido - Sr. Napoleão - PRODHAM _ microbacia Rio Cangati / Canindé



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