PRESSÃO SOBRE TEERÃ - Hillary Clinton pede apoio do Brasil contra programa nuclear do Irã e Lula volta a defender diálogo e uso pacífico da energia
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PRESSÃO SOBRE TEERÃ - Hillary Clinton pede apoio do Brasil contra programa nuclear do Irã e Lula volta a defender diálogo e uso pacífico da energia


Eliane Oliveira, Catarina Alencastro e Chico de Gois

BRASÍLIA - Convencida de que não foi possível persuadir o governo brasileiro a apoiar a proposta que prevê sanções ao Irã, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou nesta quarta-feira, após reunião de trabalho com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que Brasil e Estados Unidos têm a mesma meta: não querem que o Irã se torne uma potência nuclear. No entanto, ela deixou claro que a Casa Branca não concorda e, tampouco, acredita nos argumentos apresentados até agora pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad. Para ela, o Irã está enganando países que o apoiam.

- O Brasil é um parceiro valioso, mas estamos observando que o Irã vai ao Brasil, à China, à Turquia e conta histórias diferentes para cada um - disse Hillary. - Estamos consultando o Brasil, porque vai chegar um momento em que teremos que tomar uma decisão. O Irã pode desestabilizar a região e, com as sanções, vamos agir pacificamente, para evitar que isso aconteça - completou a secretária, que logo após se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante o encontro, a secretária de Estado dos EUA também aproveitou para fazer críticas a Hugo Chávez e enaltecer as eleições realizadas em Honduras .

Ela lembrou que o presidente Barack Obama, há um ano, fez um gesto em direção aos iranianos, para que o país chegue a um acordo que possa convencer a comunidade internacional. A publicação do último relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), que dizia que o Irã pode produzir a bomba atômica, confirmou o temor do governo americano, acrescentou a secretária de Estado.

- Não há divergência entre nossos (EUA e Brasil) objetivos. Só que o momento é de uma ação internacional. Estamos procurando, ao propor sanções, demonstrar ao Irã que haverá consequências a violações internacionais. O Brasil pensa que há possibilidade de negociação, mas até agora não vimos um único esforço e boa fé a favor das negociações da parte do Irã.

Segundo a chanceler, o Irã quer dominar o Oriente Médio e o Brasil, por ter uma relação de amizade com aquele país, tem um papel fundamental para ajudar a evitar que isso aconteça. Ao comentar as declarações de Hillary, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o apoio do Brasil ao Irã, frisando mais uma vez que só concorda com o uso da energia nuclear para fins pacíficos. Defendendo o diálogo, o presidente, que ainda vai se encontrar com Hillary, afirmou que não é prudente "encostar o Irã na parede".

- Não é prudente encostar o Irã na parede, o que é prudente é estabelecer negociações - afirmou Lula a jornalistas, acrescentando depois que pretende ter uma conversa "muito franca" com o presidente Ahmadinejad, em maio, quando visitará aquele país.

Hillary diz que EUA ainda querem diálogo e elogia ação do Brasil no Haiti

Em entrevista coletiva com a secretária de Estado Amorim manteve a posição brasileira de defender o diálogo. O chanceler sugeriu que o Brasil continuará privilegiando as negociações em relação à proposta dos EUA de ampliar as sanções contra o Irã. Amorim afirmou que ainda há espaço para uma negociação e que o Brasil não agirá sob pressão de parte da comunidade internacional.

- O Brasil não se recusa a se juntar a um consenso, mas as questões internacionais não podem ser resolvidas de qualquer maneira, sob pressão. Cada um de nós tem que pensar com sua própria cabeça. Nossos objetivos são idênticos: queremos um mundo sem armas nucleares, pois o caso nuclear iraniano também nos preocupa. Temos de saber qual o melhor caminho, se as sanções terão efeitos positivos ou negativos. Nossas avaliações não são idênticas, mas isso não nos impediu de tratarmos do assunto com clareza e franqueza - disse Amorim, ao lado de Hillary Clinton. O ministro acrescentou ser "muito difícil que o Irã se conforme com algo imposto".

O chanceler afirmou ainda que "nunca disse como o Brasil vai votar no Conselho de Segurança" em relação às sanções, mas ressaltou que a posição brasileira, em geral, considera esse tipo de reação "contraproducente". Ao lado do ministro, Hillary disse que os EUA vão se manter dispostos a dialogar, mas ressaltou que as portas precisam estar abertas dos dois lados.

- Não vemos nenhum esforço (do Irã) nesse sentido. A Agência Internacional de Energia Atômica também não. O que vemos são ações na direção oposta - disse ela, considerando que EUA e Brasil estão de acordo sobre a necessidade de evitar que evitar que o Irã desenvolva armas nucleares.

Mais cedo, a secretária de Estado se reuniu por 45 minutos com os presidentes da Câmara, Michel Temer, e do Senado, José Sarney, além de outros 16 parlamentares.

- Ela disse que o Irã, mais do que desenvolver seu programa nuclear, quer dominar a região. Ela quer que o Brasil colabore, dialogando com o Irã, para que o Irã mude a direção que vem tomando - relatou o deputado petista Maurício Rands (PE), presente ao encontro.

Segundo o deputado, Hillary também elogiou o papel de liderança do Brasil, junto com os Estados Unidos, na reconstrução do Haiti. Ela também teria pedido que o governo brasileiro reconheça a eleição do presidente de Honduras, Pepe Lobo, em prol da população daquele país.

Vestida com um terninho azul royal, Hillary chegou ao Congresso acompanhada de uma equipe de cerca de 20 pessoas, incluindo seguranças e assessores. O embaixador americano, Thomas Shannon, e o secretário-adjunto para a América Latina, Arturo Valenzuela, também a acompanham durante todos os eventos programados em Brasília.

O Globo
03-03-2010



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