Descobertos mais dois novos geoglifos na Amazônia
Arqueologia

Descobertos mais dois novos geoglifos na Amazônia


Esses geoglifos se diferenciam daqueles acreanos, mas serão logo estudados. São meio irregulares, mas são geoglifos, garante pesquisadora.

MONTEZUMA CRUZ
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PORTO VELHO (RO) – Nas valas, fotografando e estudando as peças encontradas, o farmacêutico e bioquímico Joaquim Cunha da Silva localizou dois novos geoglifos próximos à propriedade de Inácio Kusano e de seu filho Armando, em Nova Brasilândia do Oeste, a 50 quilômetros de Rolim de Moura, na Zona da Mata rondoniense. "Encontramos cerâmicas e pedaços de material lítico (machadinhas ou pedra de raio)", informou ontem o pesquisador. Imediatamente, comunicou o achado à diretora do Centro de Pesquisas e Museu Regional de Arqueologia de Rondônia, Maria Coimbra, sediado em Presidente Médici.

Impressionada com as fotos dos lugares e com as imagens de satélite, a diretora comentou que esses geoglifos se diferenciam – "São meio irregulares, mas são geoglifos" – daqueles acreanos, mas serão logo estudados. Com o georreferenciamento em mãos, cuida agora de informar ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ao mesmo tempo em que pedirá ao procurador da República em Ji-Paraná, Alexandre Senra, o aval para o pedido de registro em cartório, tal qual ocorreu com a Pirâmide do Condor e Via Látea, assim conhecidos, entre Rolim de Moura, Izidrolândia e Alta Floresta do Oeste.

A fazenda dos Kusano situa-se próxima das áreas visitadas, a 15 quilômetros de Nova Brasilândia (19 mil habitantes), a 660 quilômetros de Porto Velho, capital de Rondônia. "Notamos a presença de morros medindo mais de 450 metros de altura. A fazenda fica numa planície de 170 m, com terrenos de várzea", descreveu Cunha. "Sobre o chapadão existe um lago e na região toda a gente vê várias cachoeiras que poderão ser utilizadas para o turismo ecológico, desde que sejam devidamente conservadas", sugeriu.

De antigos moradores, Cunha ouviu que a região era rica em árvores frutíferas nativas, entre as quais cacau, genipapo, castanha, algodão nativo, urucum e jambu. Eles disseram que, ao arar a terra, encontram cerâmica e artefatos líticos. "Com as coordenadas geográficas no GPS buscamos o geoglifo 13, bem perto da fazenda de Inácio Kusano", explicou.
O Km 15 da Linha 13 Sul fica próxima ao distrito de Geasi, no municipio de Alta Floresta do Oeste (24,3 mil habitantes), situado a 3,30 km.

Numa altitude de 182m o geoglifo situa-se na Bacia do Rio Branco e sua água mais próxima chama-se Corgão. Mede cerca de 200 m de diâmetro, 100m de raio, sua área é de 3,13 hectares e a circunferência de 643m. As valas medem 4m por 1m de profundidade. O terreno foi mecanizado para pastagem com produção de leiras, a vegetação remanescente é formada por exemplares de palmeira ouricuri, popular bacuri.

Ouricuri: "telha" e alimento
Segundo a cacique Walda Wajuru, seu povo indígena usava as folhas da palmeira de ouricuri (Syagrus coronata) para produção de sal e para cobertura de suas ocas, que faziam parte do cenário amazônico ocidental até o final do século passado, quando suas terras foram invadidas por fazendeiros. E também se alimentava dos frutos.
Ouricuri ou licuri é nativa do Brasil (estados do Nordeste, norte de Minas Gerais e da Amazônia), chega a alcançar dez metros de altura. Especialistas dizem que seus frutos são comestíveis e de suas sementes pode-se extrair óleo vegetal.

Cunha notou que a mecanização da terra se deve à formação de pastagem. "A terra foi removida formando leiras, e isso provocou a destruição de potes de cerâmica que, se estivessem inteiros, serão ainda mais valiosos para os estudos dos usos e costumes de civilizações milenares que aqui estiveram", disse.
Já o geoglifo 17, no km 18,3 da Linha 17, em terras do fazendeiro Nelson Velho, também fica perto de Geasi, a 3,20 km do primeiro. Mede aproximadamente 270m de diâmetro,135 m de raio, 5,79 ha de área e 851,33m de circunferência. As valas têm aproximadamente 4m por 1 m de profundidade. Fica numa altitude de 186m, tem o Rio Branco como água mais próxima, a 155m.

O fazendeiro Nelson Kubo, em conversa com o engenheiro florestal da Secretaria Estadual do Meio Ambiente em Rolim de Moura, José NewtonAlves de Oliveira, explicou que o solo da região é de terra vermelha, não propícia à castanheira, ao contrário do solo amarelo, mas ácido. "A variedade encontrada na região parece que foi selecionada para dar frutos maiores, talvez influência da civilização que fez os geoglifos", opina Cunha.

Fonte: http://www.agenciaamazonia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=968:mais-dois-geoglifos-chamam-atencao-mundial-para-amazonia&catid=1:noticias&Itemid=704 (09/05/2011)



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