Nasa faz homenagem a astronautas mortos na missão Challenger, que completa 25 anos e em outras missões espaciais.
Todo mês de janeiro, agência lembra equipes que caíram com Apolo 1, Challenger e Columbia
SÃO PAULO - Todo mês de janeiro, a Nasa homenageia as equipes de astronautas morreram nas missões da nave Apolo 1 e dos ônibus espaciais Challenger e Columbia, além de todos aqueles que deram suas vidas pela exploração do Universo.
Administrador Charles Bolden integrou cerimônia na Virgínia
O administrador da agência Charles Bolden participou nesta quinta-feira, 27, da cerimônia do Dia Nacional da Recordação com a colocação de coroas de flores no Cemitério Nacional de Arlington, no Estado americano da Virgínia.
CABO CANAVERAL, Flórida - Nesta semana, a Nasa parou todas as suas operações e vez um minuto de silêncio para homenagear os 17 astronautas mortos em missões espaciais. O 'Remembrance Day', comemorado todo dia 27 de janeiro, foi criado para honrar a memória dos tripulantes que não sobreviveram missões como a do Challenger. O acidente com o ônibus espacial completa 25 anos em 2011.
Os três desastres da Nasa aconteceram com alguns dias de diferença, em anos distintos. Três astronautas morreram no dia 27 de janeiro de 1967 no Apolo 1, quando a nave pegou fogo na plataforma de lançamento. Outros sete morreram em 28 de janeiro de 1986 no ônibus espacial Challenger. O último grande acidente ocorreu no dia 1 de fevereiro de 2003, quando sete astronautas morreram a bordo do Columbia.
Em comunicado, o diretor da Nasa, Charles Boden, afirmou que a alma dos astronautas mortos está presente em cada dia de trabalho, e que seu legado inspira as novas gerações de astronautas. "Cada dia, com cada novo obstáculo que superamos e a cada descoberta que fazemos, honramos estes homens e mulheres notáveis", escreveu.
Para os americanos, a dor do acidente com o Challenger ainda é palpável. Vinte e cinco anos após o acontecimento que chocou o mundo, o Challenger ainda é considerado o maior fracasso da Nasa, já que a explosão aconteceu apenas 73 segundos após o lançamento, a 14,5 km acima do Oceano Atlântico.
A catástrofe foi a primeira a ser transmitida ao vivo pelas televisões de todo o mundo. A explosão do Challenger também traumatizou os Estados Unidos porque no acidente morreu uma cidadã comum, a professora primária Christa McAuliffe, e seus alunos assistiram sua morte.
Na viagem do Challenger estavam o comandante Scobee, o piloto Michael Smith, os especialistas em missão Judith Resnik, Ellison Onizuka e E. Ronald McNair, e os especialistas em carga Gregory Jarvis e Christa Sharon.
June Scobee Rodgers, viúva do comandante da Challenger, Dick Scobee, pediu a multidão que tivesse a "ousadia olhar para o futuro" não só em viagens espaciais, mas também em relação ao espaço e ao estudo de ciências. Ela foi fundamental na criação do Centro Espacial Challenger de Ciências da Educação.
"O mundo inteiro sabia como a tripulação do Challenger morreram", disse ela. "Nós queríamos que o mundo soubesse como eles viviam e por que eles estavam arriscando suas vidas".
Segurança rudimentar
Um dos anéis de vedação no tanque externo de combustível sólido da nave se rompeu logo após o lançamento, causando um incêndio seguido de explosão.
O compartimento onde estava a tripulação subiu como uma bola de fogo, intacto, e continuou subindo por mais cinco quilômetros antes da queda.
A queda livre durou mais de dois minutos. Investigações posteriores mostraram que provavelmente boa parte da tripulação ainda estava viva durante este tempo -- o impacto com a água é que foi o golpe final.
Não havia nenhum paraquedas para desacelerar a descida e nenhum sistema de ejeção. A Nasa havia ignorado esses procedimentos de segurança durante o desenvolvimento e fabricação da Challenger. A viagem espacial foi considerada tão corriqueira, que os sete tripulantes da espaçonave usavam apenas macacões azuis e capacetes de motoqueiro para a decolagem.
Após o acidente, uma comissão de investigação ligada à Casa Branca descobriu que as causas da tragédia foram falha na inspeção dos equipamentos, aliada à pressão para que o lançamento acontecesse dentro do cronograma previsto pela agência espacial.
A Fundação Memorial de Astronautas, organização privada sem fins lucrativos, construiu o memorial em 1991 e o mantém para honrar todos os astronautas que perderam suas vidas em missões ou durante os treinos. Já foi encaminhado ao Congresso dos EUA um pedido de construção de um monumento nacional.
A Nasa lançou com segurança outras 24 naves ao espaço, após a catástrofe da Challenger. Dezessete anos depois, mais sete astronautas morreram, no fim de sua missão a bordo do ônibus espacial Columbia. Em vez de foguetes propulsores de lançamento e tempo de congelamento, a culpa foi o tanque de combustível de espuma. No entanto, as semelhanças entre Challenger e Columbia são assombrosas: Outra tripulação multiétnica morreu, decisões infelizes, muita intolerância na cultura de trabalho, e uma enorme pressão para que o lançamento ocorresse.
Na mesma semana que a Nasa relembra o 25º aniversário do desastre da Challenger, o ônibus espacial Discovery segue em terra após sucessivos lançamentos serem cancelados por causa de problemas no tanque de combustível.
A agência espacial americana espera conseguir lançar a Discovery em fevereiro. A nave Endeavour, substituta da Challenger, seguirá em abril. Ela será lançada com ou sem o comandante Mark Kelly, marido de Gabrielle Giffords, congressista baleada no atentado de Tucson, Arizona, em 8 de janeiro deste ano. A Atlantis deverá encerrar o programa de 30 anos de ônibus espacial, com um vôo entre junho e setembro deste ano.
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